Vários são os erros a que estão sujeitos os candidatos que
prestam concursos públicos. Esquecer-se de ler o edital, de levar
documentos exigidos na hora da prova ou até deixar para estudar na
véspera são pecados mais comuns do que se imagina.
1) Escolher concurso pelo salário e pelo número de vagas.
O
primeiro erro é escolher o concurso pelo volume de vagas disponíveis
e pela remuneração, não pelo perfil do cargo oferecido. Não é
incomum, nesses casos, que os recém-contratados descubram que a nova
profissão não tem nada a ver com eles ou com a área que querem
trabalhar. Muitos bancários concursados para a Caixa Econômica
Federal ou o Banco do Brasil, por exemplo, descobrem tarde demais que
odeiam trabalhar em banco. Por isso, o conselho é escolher a
carreira pela afinidade, para não ficar desmotivado e desistir do
serviço no meio do caminho.
2) Não ler o edital.
Esse é um dos erros mais comuns, na opinião
de Wilson Granjeiro, diretor do Gran Cursos. O edital é a regra do
jogo no caso de concursos públicos, é onde estão registradas todas
as informações essenciais para ser aprovado. Os livros que vão ser
cobrados, a matéria obrigatória na prova, as datas de divulgação
dos resultados, que documentos levar, tudo isso está no edital. Vale
a pena fazer uma leitura atenta, guardar uma cópia na bolsa para ler
no momento em que estiver de bobeira e até imprimir e colar na
parede do quarto.
3) Ignorar qual é a empresa organizadora do concurso.
Saber qual é
a empresa ou fundação que vai organizar a prova é importante para
conhecer o estilo das questões cobradas - a Cesgranrio, por exemplo,
é uma das que fazem os exames mais simples, na opinião de
professores de cursinho. As questões cobradas são diferentes da
Vunesp, da Fundação Carlos Chagas, do Cespe, da Funrio, da Cetro,
da FGV e da Esaf - todas organizadoras de concursos públicos.
A Esaf, por exemplo, é uma das organizadoras com provas mais
difíceis do país. A Vunesp costuma ter exames mais padronizados,
além de ser também responsável por vários vestibulares. Saber
qual é a organizadora também ajuda a conhecer a banca que irá
corrigir o processo seletivo. Algumas são mais tolerantes com os
candidatos a chutar as respostas nas questões e outras não, por
exemplo.
4) Priorizar o estudo das matérias mais fáceis para o
candidato.
Você gosta de português e literatura, por isso se foca em
estudar essa área. Todo o resto - matemática, lógica, atualidades
- fica em segundo plano. Essa é a fórmula para ir mal no concurso
público, na opinião de quem dá aula para as provas. Professor da
Central de Concursos, que prepara os profissionais para os exames,
Vivaldo Pereira ressalta que as disciplinas básicas nunca devem ser
esquecidas. São elas: matemática, português, atualidades e
informática.
Abrir mão de uma das disciplinas porque ela é "chata de
estudar" não deve ser uma opção para os candidatos, na
opinião de Wilson Granjeiro. Todas as matérias são importantes, e
zerar uma delas - ou seja, errar todas as questões - muitas vezes
significa eliminação do processo seletivo.
5) Escolher um concurso de nível médio porque é mais fácil.
Mais
uma armadilha comum, na qual muita gente cai. Em geral, concursos com
vagas para nível médio de escolaridade (equivalente ao antigo
colegial) são mais fáceis do que os de nível universitário.
Apesar disso, o número de candidatos é bem maior, o que faz a
concorrência e a dificuldade do exame crescerem. Trata-se de um erro
"clássico", na opinião de Granjeiro.
- Vários concorrentes também terão nível universitário, não
é uma ideia exclusiva de um ou outro candidato. Outro problema é
que o concurso de ensino médio oferece salários menores e carreiras
em geral pouco interessantes para quem se formou em universidade.
Mais uma vez se cai na armadilha do concurso para um perfil que não
é o do candidato.
6) Não fazer planejamento de estudos.
Quem for prestar um concurso
público tem que estar preparado. As provas são difíceis,
principalmente quando o número de vagas é baixo e o cargo oferece
boa chance de crescimento e de salário. Um candidato a cargos na
Justiça, por exemplo, em geral precisa ter - além do diploma em
direito - experiência de até três anos em advocacia. Pensando
nisso tudo, se inscrever num processo seletivo e não se planejar
para estudar significa não levar a sério a prova, na opinião dos
diretores de cursinho entrevistados.
O ideal é separar no mínimo três horas por dia, seis dias por
semana, para estudar. O candidato deve fazer resumos das disciplinas
cobradas e responder questões de provas anteriores como treino -
escrever ajuda a fixar o conteúdo cobrado, mais do que apenas ler,
afirma Ângela Nunes, professora do cursinho Atitude, com sede na
Bahia.
7) Não simular as condições do concurso.
Tem muito a ver com a
dica anterior. O professor Wilson Granjeiro, do Gran Cursos, afirma
que o concorrente precisa estar com o corpo e o cérebro acostumados
à pressão e a situações que vai passar na prova do concurso.
Deixar de estar preparado fisicamente pode significar dormir demais e
chegar atrasado na hora da avaliação. Ou ficar com sono e
desconcentrado quando for responder às questões. O ideal, diz
Granjeiro, é fazer uma simulação da prova.
- Em um cursinho pré-vestibular, o estudante não faz simulados?
A ideia é a mesma, simular a situação da prova do concurso. Se a
prova tem quatro horas, o candidato deve passar quatro horas
respondendo o mesmo número de questões, sob condições similares
ao processo seletivo. É importante saber qual a hora em que dá
mais cansaço, em quanto tempo dá para fazer o exame etc.
8) Esquecer documentos e itens obrigatórios na hora da prova.
Tem
gente que perde a chance da vida de obter um trabalho por não levar
o documento de identidade na hora da prova para o concurso. Esse tipo
de coisa é um erro clássico, mas fácil de evitar, dizem os
professores de cursinho. Uma saída é fazer uma lista do que levar
no dia da prova e checá-la tanto na véspera quanto antes de sair de
casa rumo ao local do exame.
9) Deixar o estresse tomar conta.
Prestar um concurso público,
assim como um vestibular, é estressante. O candidato tem que saber a
hora de se desligar dos estudos e viver - encontrar a família, a
namorada e os amigos. Um dos efeitos da pressão é o desânimo,
segundo o professor Flávio Martins, dirigente da rede de cursinhos
LFG.
Quem se estressa desanima, e quem desanima desiste de estudar no meio
do caminho.
- É essencial que o estudante faça intervalos durante os
estudos, para descansar a mente e os olhos. Em média, a cada hora de
leitura, o candidato deve parar por dez minutos.
10) Achar que apenas o cursinho preparatório resolve.
É comum
que candidatos se matriculem no cursinho e achem que isso basta.
Todos os professores foram unânimes em dizer que o aluno precisa
estudar em casa e se preparar fora da sala de aula, seja sozinho ou
em um grupo de estudos. Muitas vezes é esta preparação que faz a
diferença: muita gente frequenta cursinhos, "mas poucos se
dedicam de fato, seja dentro ou fora dos cursos", afirma
Granjeiro.
- Só com método, com foco, com disciplina é que hoje se passa
na prova do concurso público. Não basta chegar e sentar para fazer
o exame. É preciso ter calma, estudar por um bom tempo antes da
prova, ter predisposição para refletir sobre as questões.
Trabalhar para o governo oferece muitas vantagens, mas os concursos
públicos estão cada vez mais difíceis.
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