21 de março de 2017

Ao sair do ensino médio, qual a melhor escolha: faculdade ou concurso público?

O serviço público tem crescido como alternativa para aqueles que ainda não sabem o que pretendem estudar na faculdade e procuram liberdade financeira.
Se vencer o ensino médio já é uma tarefa difícil, imagine decidir o que você fará depois dele.

Apostilas pré-vestibular à parte, cresce o número de pessoas que acreditam que a melhor opção é estudar para concursos públicos antes mesmo de pensar em faculdade. Este é o caso de Yasmin Souza, de 17 anos. 
Atualmente, a jovem cursa o terceiro ano do ensino médio, mas já tem em mente com nitidez os planos para os próximos anos. “Quero uma base financeira para poder ser independente e viajar muito. Quando tiver uns 23 anos penso em faculdade”, conta.
Apesar de ainda frequentar a escola, Yasmin separou quatro horas diárias de estudo para o concurso da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), realizado nesse fim de semana. Nem mesmo os sábados e domingos escaparam da dedicação da jovem. “Meu padrasto me ajudou. Minha mãe também estudou comigo para o mesmo concurso. Minhas amigas me apoiam, mas preferem fazer faculdade antes”, relata. Assim como milhões de candidatos que sonham com uma vaga no funcionalismo, Yasmin acredita que o serviço público garantirá estabilidade e liberdade financeira, dois desejos que são prioridades para ela.
Nos cursinhos preparatórios para concurso de Brasília, os números comprovam que a demanda por certames de nível médio é alta. O Grancursos, atualmente, conta com 52.145 alunos inscritos na unidade sede. Destes, 35 mil (ou 67%) têm nível médio e 17.145 nível superior. Já na Vestcon, são 69 turmas de nível médio, 33 de nível superior e 51 que servem para os dois níveis.
Para a orientadora e coordenadora pedagógica do colégio Sigma, Tatiana Coutinho, escolher concursos em vez de faculdade é uma mentalidade típica brasiliense. “Brasília é uma cidade de alto índice de funcionários públicos. Muitos meninos têm pais servidores e crescem com a ideia de que isso proporciona um ambiente de segurança e estrutura financeira. O aluno se interessa por essa realidade ainda dentro de casa”, explica.
Ela lembra que muitos dos jovens que precisam tomar uma decisão após o ensino médio estão na faixa dos 16 e 17 anos, período de muitas incertezas. “Eles estão em um momento confuso, não sabem exatamente o que querem e usam o modelo de carreira dos pais como algo a ser seguido, até para ganhar tempo”, completa.
A coordenadora destaca, porém, que existem pontos positivos e negativos que devem ser analisados diante da preferência dos alunos pelo universo dos concursos. “O lado negativo é que esse aluno de certa forma pula etapas. Ao entrar na faculdade, ele consegue dar continuidade aos estudos e aos poucos, por meio de estágios e atividades práticas, entram no mercado de trabalho. São doses homeopáticas da nova realidade, não uma quebra abrupta”, opina.
Por outro lado, Coutinho ressalta que o aluno que acaba de sair do ensino médio possui os conteúdos mais frescos na memória. “Uma escola com boa formação vai preparar o jovem para fazer uma excelente prova de português e raciocínio lógico, por exemplo”, diz. Quanto às disciplinas específicas que não são abordados no currículo escolar, como direito administrativo e constitucional, ela adianta que não há porque ter preocupação. “Em curto prazo esses alunos podem lograr êxito maior que um adulto, inclusive, já que é normal ter uma média de 6h de estudo por dia. Não há mudança drástica na rotina, apenas de conteúdo, e eles absorvem tudo com rapidez”, salienta.
Para os pais que se preocupam com o rendimento dos filhos – que aliam estudos da escola com os de concursos -, Coutinho tranquiliza. “Muitos dos alunos se dividem entre o estudo da escola e uma atividade do interesse deles, como estudar outra língua. A maioria ainda faz cursinho pré-vestibular. Se esse não é o foco do aluno, então ele o trocará por um cursinho para concursos, por exemplo”, aponta. “É incrível como eles lidam com várias atividades ao mesmo tempo. São perfeitamente capazes de estudar para concursos”, afirma. No entanto, segundo a coordenadora, o exagero na dedicação é que deve ser evitado, seja por jovens ou adultos.
Para Arthur Pomnitz, de 23 anos, a escolha pelo concurso público veio alguns meses após a graduação no ensino médio. Assim que se formou, ele foi morar em São Paulo, onde trabalhou como modelo. Ao voltar para Brasília, percebeu que estava perdido sobre a área que gostaria de estudar na faculdade e resolveu se dedicar aos concursos. “Queria meu dinheiro e gostava da carreira pública. Um concurso de nível médio me daria tempo para pensar na faculdade e, ao mesmo tempo, me sustentar financeiramente”, lembra.
Atualmente, Arthur é servidor no Ministério da Fazenda e pensa em cursar faculdade e, até mesmo, abrir uma empresa com o pai. “Estou amadurecendo, é muita responsabilidade escolher o que quero para o resto da minha vida. Onde estou agora me agrada e me oferece estabilidade financeira e tempo para escolher o que eu realmente quero fazer”, pondera.
No caso de Amadeu Medina, de 24 anos, a história é diferente. Sua primeira escolha foi a Universidade de Brasília, mais especificamente o curso de engenharia da computação. Porém, cinco semestres depois da aprovação no vestibular, ele começou a se sentir infeliz com a vida acadêmica e decidiu largar tudo para se dedicar à possibilidade de ingressar no serviço público. “Eu me cobrava: estou com 21 anos, não estou feliz na faculdade e não tenho emprego”, relembra.
Após estudar por dois meses e meio, o esforço valeu a pena e ele foi aprovado no concurso da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), onde ainda trabalha. Mais feliz e estimulado, Amadeu voltou à faculdade e, atualmente, cursa engenharia civil. “Eu devia ter feito concurso assim que saí do ensino médio, porque não sabia o que queria de verdade”, lamenta.
Entre as diversas responsabilidades e decisões que devem ser tomadas com o fim do ensino médio, Coutinho ressalta: “Acho que não existe resposta pronta. O aluno tem que fazer algo que gosta”, alerta. Independentemente da escolha, a coordenadora aconselha que todos busquem refletir e aproveitar cada experiência.
Fonte: Correio Web

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