20 de agosto de 2014

Fatores que fazem os candidatos desistirem dos concursos.

Derrotas, cansaço físico, desgaste emocional, pressão da família... Diversos são os fatores que fazem os candidatos simplesmente desistirem dos concursos. Mas não hoje.
Trabalhar com concursos é testemunhar todos os dias histórias de superação, sofrimento, vitória e até mesmo de frustração diante de concursos que exigem todo o tempo e atenção dos nossos leitores e concurseiros. Assim, constatamos que quando a aprovação não vem, o desânimo toma conta como uma doença, que paralisa, anestesia e consome os candidatos. Reunimos então uma lista de sintomas dessa “enfermidade” e convidamos os nossos professores e especialistas para prescreverem antídotos que podem ajudar no processo de recuperação da autoestima para acreditar nos estudos.
FALTA DE TEMPO
Conciliar trabalho e estudo; Curto prazo entre a divulgação do edital e a prova; Conteúdo programático extenso; Tudo isso pode fazer o candidato colocar a mão na cabeça e imaginar que não vai conseguir. O desejo é que os ponteiros do relógio congelem, ou que o dia tenha mais de 24h. Mas, infelizmente, nada disso é possível. Fazer o desafio dos concursos trazer resultados depende unicamente do empenho do candidato no pouco tempo que lhe resta.
Segundo a professora Aryanna Manfredini, o segredo para não desanimar com a falta de tempo é só um: organização. “Seja 1h, 2h ou 3 horas diárias, cumprir um plano de estudos e dar atenção à qualidade desse tempo é o que vai garantir a aprovação. Seja honesto consigo mesmo, se você só tem duas horas, não planeje estudar mais do que isso, só vai causar frustração. Não são raros os casos em que um candidato que tinha pouco tempo para estudar consegue passar com maior rapidez do que aquele que tinha tempo de sobra”, diz ela.
O que podemos concluir é que nem sempre um cronograma apertado é motivo para desânimo. Ao contrário do que muitos pensam, pode ser sim um estímulo para aproveitar com maior qualidade as horas disponíveis.
CANSAÇO FÍSICO
Passar horas na mesma posição; Falta de exercícios e alongamentos; Dores de cabeça ou no pescoço, costas e lombar; Vista cansada; Sono leve; são alguns males comuns aos concurseiros. Quando o corpo pede socorro e chega ao seu limite, não adianta forçar mais algumas horas de estudo, porque o nível de concentração já não será o mesmo. E isso pode ser realmente desesperador, mas não deve ser motivo para desistir. Cansaço físico é algo que se pode controlar. Muitas vezes o problema está no local que você vem escolhendo para estudar, onde vai sentar e onde apoiar o computador.
Segundo a fisioterapeuta Renata Vieira, por mais correta que seja sua postura, a pressão sobre os discos lombares aumenta em até 30% quando você está sentado. Portanto, o seu corpo não deve permanecer por mais de duas horas na mesma posição. Essa regra é difícil de obedecer para quem precisa estudar muitas horas por dia, mas as pausas são extremamente necessárias. “A cada duas horas, levante-se da cadeira para aliviar a pressão sobre pernas e coluna e faça exercícios de alongamento por cerca de 10 minutos. Efeitos de relaxamento podem se atingidos também com o controle da respiração. Quando respiramos profundamente, oxigenamos o cérebro ajudando-o a trabalhar melhor e relaxamos o corpo como um todo”, afirma a profissional.
PRESSÃO DA FAMÍLIA
Muitos candidatos se deixam levar pela tristeza ao sentir que a família não apoia sua decisão de dedicar boa parte do tempo aos estudos. É comum ouvir os resmungos pela casa: “Mas você não está ganhando dinheiro...”, “Parece que não tem mais tempo para a própria família...”. E os incômodos questionamentos: “Será que vale a pena perder tanto tempo?”, “Você vai mesmo deixar a vida passando lá fora, meu filho?”, “Mas seu primo (pai, irmão, amigo) está tão bem na iniciativa privada. Por que você insiste tanto nesses concursos?”.
Em contraponto, tem ainda a pressão da família que deseja com todas as forças a aprovação do parente: “O nosso maior desejo é que você passe neste concurso...”, “Hoje eu sonhei que você passava nessa prova, meu filho...”, “Pelo que vimos, essa prova está muito fácil. CLARO que você vai passar...”, e depois “Fulano passou de primeira e você nada...”. Atingir as altas expectativas da família pode ser ainda mais difícil do que a própria seleção pública. Dá vontade mesmo de jogar tudo para o alto e desistir.
Para a professora Ana Cristina Mendonça, nesses casos, perseverança e confiança são as palavras de ordem. “Esqueça a opinião dos outros. Faça ouvidos moucos. Ninguém entende melhor sobre o que você está fazendo do que você mesmo. Tente fazê-los entender que cada caso é um caso e que tudo acontece na hora certa. Se eles não entenderem, mais do que nunca, você precisará ser forte e continuar acreditando, mesmo se sentindo sozinho. Faça disso a sua força”, afirma ela.
REPROVAÇÃO
Várias tentativas de aprovação sem sucesso são a causa da maioria das desistências. Afinal, a cada reprovação, fica constatada a incapacidade do candidato em realizar aquela prova, certo? Errado! Cada prova vai exigir um tipo de dedicação ou de conhecimento diferente da outra. Na verdade, a cada novo desafio, você irá acumular bagagem intelectual que pode ser utilizada para o próximo.
“Para aqueles que pensam em desistir porque reprovaram uma, duas, três ou mais vezes, o que eu tenho a dizer é que qualquer obstáculo pode ser superado com foco. Concurso se faz até passar. É preciso ter persistência. Esta é uma fórmula infalível”, afirma o professor Edem Nápoli.
DESGASTE EMOCIONAL
O problema maior é quando todos os elementos acima se unem. Lidar com a falta de tempo, o cansaço físico, a pressão da família e seguidas reprovações pode gerar um desgaste emocional inimaginável. Isso leva o candidato a entrar em um processo de desconfiança sobre suas próprias capacidades e incerteza sobre as decisões que tomou para a vida. Para os propensos, a depressão pode pegar de jeito e trazer à tona pensamentos sempre negativos. Mas é justamente essa a hora de “dar a volta por cima”.
Segundo a professora Aryanna Manfredini, essa vontade de desistir acontece com todos os candidatos. “Todo concurseiro pensa, em algum momento da sua preparação, se vale a pena continuar. Nem que seja apenas um pensamento passageiro, uma dúvida, uma pontada no coração... Ele precisa pensar nisso, pois se trata de uma decisão importante. Mas o que se deve ter em mente, com muita força, é que desistir é o caminho mais fácil, um atalho para não se frustrar consigo mesmo, porém, desistindo é impossível alcançar o sucesso esperado. Só não passa quem desiste. Mas a vitória, na hora que vier, será para o resto da vida”, explica ela.
ANA LARANJEIRA - Editora da Revista Edital.

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