Quadrilha atuava em 5 estados brasileiros. |
A Polícia Federal deflagrou ontem (21) a Operação Afronta, nos estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Alagoas e Rondônia.
A ação é resultado de investigação para desarticular uma organização
criminosa, estruturada para fraudar concursos públicos, notadamente do
Poder Judiciário, em todo o território nacional.
Pelo menos 10 aprovados nos respectivos concursos que foram
beneficiados pela fraude foram exonerados de seus cargos. O Delegado da
PF, Victor Hugo Rodrigues informou ainda não há indícios de participação
no esquema por funcionários dos órgãos ou das bancas que aplicaram as
provas. Os suspeitos podem pegar de 4 a 12 anos de prisão por
organização criminosa (art. 1º, Lei 12.850/2013) e fraude em certames de
interesse público (art. 311-A do Código Penal).
A fraude foi detectada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região do estado de São Paulo, que notou irregularidades no último concurso
para os cargos de Analista e Técnico Judiciário e encaminhou os
documentos à PF para instauração de inquérito. Os candidatos suspeitos
tinham prestado a prova em Sorocaba/SP.
Para apoiar os trabalhos investigativos a Polícia Federal usou o
S.P.A.D.E., sigla para Sistema de Prospecção e Análise de Desvios em
Exames, software desenvolvido pela própria Polícia Federal para
subsidiar apurações de fraudes em concursos públicos e exames. O sistema
é alimentado com os gabaritos dos candidatos que fizeram a prova e
varre as respostas em busca de coincidências, apontando os candidatos
que apresentaram maior número de respostas idênticas e indicando se
aquelas coincidências eram ou não esperadas. Os relatórios do sistema
são encaminhados concomitantemente à perícia, para validação e análise
estatística, e a policiais, para que proceda à investigação criminal. O
concurso do TRF 3 foi coordenado pela Fundação Carlos Chagas.
O esquema
De acordo com a PF, a quadrilha escolhia alguns concursos com altos
salários e grande concorrência e contratava "tutores" para resolver as
questões. Os candidatos, durante a prova, fotografavam com microcâmeras o
caderno de questões e as imagens eram enviadas por celular ao líder do
grupo, que era responsável por enviar as respostas aos candidatos por
minúsculos pontos eletrônicos, quase imperceptíveis a olho nu.
O valor cobrado pela organização criminosa pelas respostas da
prova era dez vezes o valor do salário inicial do cargo pretendido.
A Polícia Federal ainda investiga outros 4 concursos, ainda não
informados, além do realizado no TRF-3, e aponta que a quadrilha vem
agindo há mais de quatro anos. Pelo menos 50 pessoas, entre candidatos e
integrantes da quadrilha, estão sendo investigadas por participarem do
esquema.
Fonte: Assessoria da Polícia Federal
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