Antes de tudo, vamos explicar como se dá o processo de
interpretação.
A Hermenêutica, a área da filosofia que estuda isso, diz
que é preciso seguir três etapas para se obter uma leitura ou uma
abordagem eficaz de um texto:
a) Pré-compreensão: toda
leitura supõe que o leitor entre no texto já com conhecimentos prévios
sobre o assunto ou área específica. Isso significa dizer, por exemplo,
que se você pegar um texto do 3º ano do curso de Direito estando ainda
no 1º ano, vai encontrar dificuldades para entender o assunto, porque
você não tem conhecimentos prévios que possam embasar a leitura.
b) Compreensão: já com a pré-compreensão ao entrar
no texto, o leitor vai se deparar com informações novas ou reconhecer as
que já sabia. Por meio da pré-compreensão o leitor “prende” a
informação nova com a dele e “agarra” (compreende) a intencionalidade do
texto. É costume dizer: “Eu entendi, mas não compreendi”. Isso
significa dizer que quem leu entendeu o significado das palavras, a
explicação, mas não as justificativas ou o alcance social do texto.
c) Interpretação: agora sim. A interpretação é a
resposta que você dará ao texto, depois de compreendê-lo (sim, é preciso
“conversar” com o texto para haver a interpretação de fato). É formada
então o que se chama “fusão de horizontes”: o do texto e o do leitor. A
interpretação supõe um novo texto. Significa abertura, o crescimento e a
ampliação para novos sentidos.
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Sabendo disso, aqui vão 4 dicas para fazer com que você consiga atingir essas três etapas! Confira abaixo:
1) Leia com um dicionário por perto
Não existe mágica para atingir a primeira etapa, a da
pré-compreensão. O único jeito é ter um bom nível de leituras. Além de
ler bastante, você pode potencializar essa leitura se estiver com um
dicionário por perto. Viu uma palavra esquisita, que você não conhece?
Pegue um caderninho (vale a pena separar um só pra isso) e anote-a. Em
seguida, vá ao dicionário e marque o significado ao lado da palavra. Com
o tempo o seu vocabulário irá crescer e não vai ser mais preciso ficar
recorrendo ao dicionário toda hora.
2) Faça paráfrases
Para chegar ao nível da compreensão, é recomendável fazer paráfrases,
que é uma explicação ou uma nova apresentação do texto, seguindo as
ideias do autor, mas sem copiar fielmente as palavras dele. Existem
diversos tipos de paráfrase, só que as mais interessantes para quem está
estudando para o vestibular são três: a paráfrase-resumo, a paráfrase-resenha e paráfrase-esquema.
– Paráfrase-resumo: comece sublinhando as ideias principais,
selecione as palavras-chave que identificar no texto e parta para o
resumo. Atente-se ao fato de que resumir não é copiar partes, mas sim
fazer uma indicação, com suas próprias palavras, das ideias básicas do
que estava escrito.
– Paráfrase-resenha: esse outro tipo, além dos passos do
resumo, também inclui a sua participação com um comentário sobre o
texto. Você deve pensar sobre as qualidades e defeitos da produção,
justificando o porquê.
– Paráfrase-esquema: depois de encontrar as ideias ou
palavras básicas de um texto, esse tipo de paráfrase apresenta o
esqueleto do texto em tópicos ou em pequenas frases. Você pode usar
setinhas, canetas coloridas para diferenciar as palavras do seu esquema… vai do seu gosto!
3) Leia no papel
Um estudo feito em 2014 descobriu que leitores de pequenas histórias
de mistério em um Kindle, um tipo de leitor digital, foram
significantemente piores na hora de elencar a ordem dos eventos do que
aqueles que leram a mesma história em papel. Os pesquisadores justificam
que a falta de possibilidade de virar as páginas pra frente e pra trás
ou controlar o texto fisicamente (fazendo notas e dobrando as páginas)
limita a experiência sensorial e reduz a memória de longo prazo do texto
e, portanto, a sua capacidade de interpretar o que aprendemos. Ou
seja, sempre que possível, estude por livros de papel ou imprima as
explicações (claro, fazendo um uso sábio do papel, sem desperdícios!).
Vale fazer notas em cadernos, pois já foi provado também que quem faz anotações à mão consegue lembrar melhor do que estuda.
4) Reserve um tempo do seu dia para ler devagar
Uma das maiores dificuldades de quem precisa ler muito é a falta de
concentração. Quem tem dificuldades para interpretar textos e fica lendo
e relendo sem entender nada pode estar sofrendo de um mal que vem
crescendo na população da era digital. Antes da internet, o nosso
cérebro lia de forma linear, aproveitando a vantagem de detalhes
sensoriais (a própria distribuição do desenho da página) para lembrar
de informações chave de um livro. Conforme nós aumentamos a nossa
frequência de leitura em telas, os nossos hábitos de leitura se
adaptaram aos textos resumidos e superficiais (afinal, muitas vezes você
tem links em que poderá “ler mais” – a internet é isso) e essa leitura
rasa fez com que a gente tivesse muito mais dificuldade de entender
textos longos.
Os especialistas explicam que essa capacidade de ler longas sentenças
(principalmente as sem links e distrações) é uma capacidade que você
perde se você não a usar. Os defensores do “slow-reading” (em tradução
literal, da leitura lenta) dizem que o recomendável é que você reserve
de 30 a 45 minutos do seu dia longe de distrações tecnológicas para ler.
Fazendo isso, o seu cérebro poderá recuperar a capacidade de fazer a
leitura linear. Os benefícios da leitura lenta vão bem além. Ajuda a
reduzir o estresse e a melhorar a sua concentração!
Depois de treinar bastante e ler muito, você estará pronto para interpretar os mais diversos tipos de texto! Mãos à obra!
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