Bruno Henrique Barbosa, de 21 anos, não liga para a
rotina exaustiva que está enfrentando desde que começou a frequentar o
curso de formação de oficiais da Polícia Militar de São Paulo. Além do
estudo da teoria, ele está vendo na prática como é o dia a dia na área.
Nas primeiras duas semanas, o jovem não pode sair da academia, e agora,
ele pode apenas voltar para casa aos finais de semana. Serão quatro anos
de estudo, com dedicação exclusiva.
Até alcançar esse sonho, Bruno passou por duas
reprovações. Ele só obteve o resultado esperado quando mudou sua
estratégia de estudo e encontrou o equilíbrio entre dedicação e vida
pessoal. A recompensa foi a aprovação, em 1º lugar, no concurso para o
Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo,
realizado em junho de 2012.
O jovem
deixou para trás 11.149 candidatos, uma concorrência de 92,90 candidatos
por vaga, e conseguiu uma das 120 vagas na Academia de Polícia Militar
do Barro Branco (APMBB). “Fiquei muito emocionado. Meu pai chorou,
minha mãe contou para todo mundo. Foi muito bom deixá-los orgulhosos e
mostrar meu potencial”, conta.
“Quando vi que não tinha sido aprovado fiquei frustrado, mas sabia que tinha que superar. É um projeto de vida, então você dá um valor muito grande para isso" - Bruno Henrique Barbosa
Apesar do resultado positivo, o jovem demorou dois anos para descobrir o tipo de estudo adequado
para o seu perfil. Encarando os livros por quase 13 horas diárias,
Bruno não conseguia ver o resultado de sua dedicação. "Pensava que
quanto maior o número de horas de estudo, mais eu renderia. Só que dos
100% que estudava, absorvia 65% no máximo e achava muito pouco", afirma.
Para
ele, a mudança da organizadora em 2010, da Fuvest para a Fundação
Vunesp atrapalhou sua preparação. Já em 2011, o nervosismo e o estudo
incorreto prejudicaram. "Não sabia qual era a melhor estratégia de
estudo para mim, apesar de conhecer a prova."
O
jovem descobriu sua 'fórmula para o sucesso' apenas no terceiro ano da
maratona. "Não encarei a segunda reprovação como o fim do mundo. Foram
dois anos de amadurecimento e acabei encontrando o ponto em que eu sabia
qual era a dificuldade da prova e como deveria trabalhar o que seria
cobrado", diz.
O
equílibrio entre preparação e vida pessoal foi a chave para o resultado
positivo. As viagens se juntaram ao grupos de estudo e aos simulados, e
passaram a fazer parte de sua rotina.
Mesmo
com o apoio e a ajuda financeira da família, Bruno aproveitou o período
em que não tinha aulas no cursinho para trabalhar como vendedor
temporário em uma rede de lojas de departamento. O dinheiro guardado
serviu para custear o projeto.
“Quando vi
que não tinha sido aprovado fiquei frustrado, mas sabia que tinha que
superar. É um projeto de vida, então você dá um valor muito grande para
isso”, lembra o jovem.
A mudança veio com a restrição da rotina
de estudo para 9 horas diárias combinada com simulados, resolução de
questões de outras provas da banca, atividade física e grupo de estudos.
O cursinho tradicional foi trocado pelo da AFAM (Associação Fundo de
Auxílio Mútuo dos Militares do Estado de São Paulo), específico para a
Academia do Barro Branco.
Na reta final da preparação,
ele reservou os domingos para simular o dia da prova. "Muitos sabem,
mas na hora se organizam e não conseguem fazer os exercícios". Além de
testar a prova objetiva, ele fez a mesma experiência com o teste físico
para garantir o fôlego na hora do exame. "Teve bastante gente que parou
no meio da prova. No final da tarde, o grupo já não era tão grande",
lembra.
Bruno fez 91 dos 100 pontos
possíveis na prova objetiva, teve nota máxima em redação, e após passar
pelo teste de avaliação física, exames de saúde, exames psicológicos,
investigação e análise de documentos e títulos, obteve a confirmação de
sua aprovação.
Direito x carreira militar
Apesar
de seu pai ser militar da Aeronáutica, de morar em um condomínio
militar e de ter feito o ensino médio em um colégio militar, Bruno tinha
dúvidas sobre seguir essa carreira. “Mesmo com a influência sempre
presente, eu nem imaginava”, lembra.
O
jovem ‘descobriu’ a carreira militar durante um trabalho como soldado
temporário, que serviria para pagar o cursinho. Seu objetivo era cursar
direito “Sempre tive o direito em mente, mas na academia vi que a
carreira militar condizia mais com o meu perfil”, afirma.
Conhecendo
e participando do dia a dia militar, ele teve certeza de qual seria a
sua escolha. "Aí o direito caiu por terra. Vi que o que importava para
mim era ficar na academia. Apesar dos riscos, carreira do oficialato é
promissora e traz benefícios".
Futuro
Após
a aprovação, Bruno frequenta as aulas do bacharelado em Ciências
Policiais de Segurança e Ordem Pública, que tem duração de quatro anos
com dedicação exclusiva.
O jovem ainda
não sabe em qual batalhão pretende atuar quando terminar o curso, mas
confessa seu gosto pelo grupamento aéreo, o Águia da Polícia Militar. "É
muito difícil conseguir, vou ter que me dedicar muito. São quatro anos
em que muitas ideias vão surgir", afirma.
Para
quem ainda busca a aprovação, o aluno oficial lembra que a dedicação
sempre traz resultados. "Demorei três anos para conseguir o meu
objetivo. Temos que ser os melhores em tudo que fazemos, as recompensas
vêm na medida do nosso esforço", completa.
Fonte: G1
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