17 de agosto de 2014

Que tal escrever "OMEM" sem h? e "QEIJO" sem u?

Uma comissão técnica do Senado Federal foi criada para estudar sobre novas mudanças ortográficas na Língua Portuguesa com a ideia de simplificar a ortografia, além de querer eliminar a letra “h” do início de palavras, quer também um pedaço do queijo, ou melhor, sugere a eliminação da letra “u” da palavra queijo.
Parece que o tempo do homem com “h” está mesmo chegando ao fim. Pelo menos é o que propõe uma comissão técnica do Senado Federal que estuda novas mudanças ortográficas na Língua Portuguesa. Além de querer eliminar a letra “h” do início de palavras, quer também um pedaço do queijo, ou melhor, sugere a eliminação da letra “u” da palavra queijo.
Não se trata de posicionamento contra o Acordo Ortográfico, mas existe a consciência de que algumas de suas regras (como o uso de certas letras, o hífen, os acentos de pára/para, fôrma/forma) continuam dificultando e encarecendo o ensino. Levantamento feito por professores da Fundação Educacional do Distrito Federal indicam o gasto de 400 horas/aula com ortografia, do ensino fundamental ao médio, para decorar muito e aprender quase nada. 
É nesse tempo que nasce o desânimo e a crença de que português é muito difícil, criando o bloqueio gerador do analfabetismo funcional e causador do fato de que apenas 20% da população pode ser considerada plenamente alfabetizada. 
Esses mesmos professores calcularam que, com a simplificação de algumas regras, a ortografia seria ensinada mais eficazmente com apenas 150h/a, o que representa uma forte economia de tempo e dinheiro (R$ 2 bilhões/ano).
A Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, após ter recebido vários sinais de alerta, realizou duas audiências públicas, convidando as autoridades responsáveis pelo encaminhamento do Acordo Ortográfico e representantes das opiniões criticas repercutidas na sociedade, perante senadores como Cyro Miranda, Ana Amélia, Cristovam Buarque, Lídice da Mata, Paulo Bauer, Flávio Arns, Marisa Serrano e Augusto Botelho.
De acordo com o secretário da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, Julio Ricardo Linhares, o objetivo do grupo de trabalho, com professores renomados como Ernani Pimentel e Pasquale Cipro Neto, é aperfeiçoar e simplificar a língua.
A ideia da comissão nasceu com as constantes discussões em audiências públicas sobre a Reforma Ortográfica de 2009, que alterou 0,5% do vocabulário brasileiro, segundo o Ministério da Educação.
O QUE MUDARIA
- Sem “H”
Homem - Omem

Deixa-se de escrever o “h” no início das palavras porque ele não é pronunciado. Exemplos: oje, ora, istoria, etc.

”QU” SEM O “U”
Queijo - qeijo
Deixa-se de escrever o “u” porque não é pronunciado. Exemplos: qero, aqilo, leqe, etc.

“CH” por “X”
Chá - xá Somente a letra “x” poderia representar esse som. Exemplos: flexa, maxo, caxo, etc.

“S” por “Z”
Exemplo - ezemplo
Somente a letra “z” seria usada para representar o som de Za, Ze, Zi, Zo, Zu. Exemplos: bluza, analizar, ezuberante, etc.

Sem “SS”, “Ç”, “SÇ”, “XÇ” e “XC”
Amassar - amasar
Na nova proposta, os encontros consonantais acima seriam eliminados.


Embora ainda não haja um texto pronto ou projeto de lei, com as mudanças o “ch” deixaria de existir e palavras como chá, flecha e macho, seriam escritas assim: xá, flexa e maxo. O dígrafo “qu” também desapareceria. Palavras como queijo e aquele ficariam assim: “qeijo” e “aqele”.
Para o professor de Língua Portuguesa José Augusto de Carvalho, uma reforma ortográfica precisa levar em consideração a opinião de especialistas no assunto, como linguistas e gramáticos, e não profissionais ligados à política.
“Não é porque deixamos de pronunciar a letra “h” que temos de eliminá-la. Ela faz parte da etmologia da palavra e é comum que isso ocorra em outros idiomas como no inglês. A mudança é inútil”, garante.
Buscar escrever como se pronuncia é um risco, segundo o professor do ensino fundamental no Centro Educacional Praia da Costa, Rodrigo Acosta. “Chamamos isso de transcrição fonética. A pronúncia das palavras muda de um local para outro. Não podemos oficializar uma escrita sem prejudicar a comunicação. Além disso, pode prejudicar o aprendizado”, defende ele.
Conforme Linhares, novo debate deve acontecer em setembro, em Brasília, para discutir as questões ortográficas. E a população poderá participar. “Não temos a pretensão de ditar regras. Vamos ouvir especialistas e a também a comunidade em audiência pública para discutir o melhor a se fazer”, conclui. 

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